Amor Selado                          

As cartas do nosso amor que por amizade selamos.

domingo, 12 de março de 2006

Querido Pedro,
Sempre acreditei nas amizades, mesmo com músicas. Há tantas que me consolam e me acalentam os braços nesta fase. Há mortes necessárias, não há mal algum em assassinar o tirano para salvar o inocente. O tirano é o amor e jamais nos descuidaremos ao ponto de sacrificar a amizade, se tal acontecesse, com ela eu morreria também, porque é aquilo que me faz levantar e conseguir por-me de pé.
Desculpa a demora na resposta, mas este fim-de-semana correu-me pior do que queria. Como se já não me bastasse a sensação de acordar cansada e andar quase moribunda pelas ruas, tive uma quebra de tensão e, para não variar, acabei por perder os sentidos.
Encontrou-me em casa a minha irmã, a quem, felizmente havia emprestado a chave. Fui para o hospital e a minha mãe, naquela preocupação desesperante veio-me buscar e fui para juntos dos meus pais estes dias.
Voltei hoje, amanhã volto ao trabalho, e não fiz algumas das "coisinhas" que queria. Não consegui ler nenhum livro, mas deixei as pegadas na areia e dancei. Fui ver uma actuação de jazz ao vivo, naquele bar onde íamos todas as quintas-feira. Como gostavas de jazz... ainda hesitei em entrar, tive medo que também tu quisesses descontair com os sons que tanto apreciamos. Acabei por entrar, varrendo a sala com os olhos verdes, "verdes como uma folha que começa a secar", como tantas que vimos nas tardes de Outono. Não estavas, respirei de alívio e sentei-me.
Sentei-me e assim fiquei até que o nosso tão bem conhecido Rodrigo me arrancou da cadeira e me obrigou a dançar com a mesma vivacidade que o caracteriza. Fez-me bem, sem dúvida alguma.
Fico feliz por saber que arrancaste um sorriso ao casmurro do teu patrão, mas não quero que te mates a trabalhar, foi o que eu fiz e acabou por não correr nada bem.
Já conversei com a minha avó, mas não tenciono contar-te nem uma palavra da conversa. O que mantém a minha avó de pé são os sentimentos que foi acumulando dentro dela. Estás farto de sentimentos, falar-te deles só te irritaria e isso eu não quero. Se bem que não percebo como podes querer que te fale da minha vida sem incluir sentimentos nela.
Sempre foste assim, essa tua capacidade angustiante de saber viver (ou fingir saber) viver sem sentir dá-me vontade de te bater. Sente Pedro, sente as folhas que caem, o vento que passa, sente a minha mão na tua em despedida.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Goxtei muito desta carta, está c uma linguagem bastante simples, mas profunda, além dixo, há determinados pormenores c k eu m identifico nesta carta...
Hje n tou mt «inspirado», por ixo, vou repetir o k tenhu dito, continuem o óptimo trabalho, um dia kero comprar este futuro livro.

bjo fofo*

13.3.06  

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