Querido Pedro, Escrevo-te com uma dor latejante na cabeça e na alma. O trabalho é mais do que muito, e então nesta altura aumenta assustadoramente. É sempre a mesma coisa quando chega o Carnaval, toda a gente pensa que só por ser publicitária tenho a cabeça a fervilhar de ideias para fantasias. Vou passar a noite de Carnaval com os nossos amigos, o Miguel veio convidar-me ontem. Acho que era mesmo o que estava a precisar: festa. Acho bem que vás passar esta época a Travanca, apesar da desagradável conversa que provavelmente te espera. Espero que a enfrentes com a força que acredito que tenhas, apesar dos acontecimentos recentes. Não foste caprichoso ao ponto de dizer não à tua mãe, mas cedeste ao capricho de passar pelo meu prédio por causa do incidente com o elevador. Acho que precisavas de sentir de novo o ambiente de que fizeste parte tantas vezes. Sabias que eu não estava presa, se estivesse a carta não teria chegado até ti. Não cedas aos fantasmas, ao fazê-lo eles vão-se apoderando de ti e ganham força. Fico feliz por saber que estiveste com a Joana e que de alguma forma ela te ajudou. Fico também feliz por saber que vais reencontrar a Sofia, é uma felicidade diferente, é um doce amargo que vou saboreando. É verdade, eu disse-te para seguires em frente e não há mal nenhum em aqueceres as mãos num outro rosto. Eu própria já o fiz, sabe-lo bem, foi o Carlos lá da agência e é provável que o leve à festa. Peço-te apenas uma coisa, se não tencionares ter uma relação que ultrapasse todas as relações de uma noite sê sincero com ela. Não só pelo possível sofrimento dela (ela ainda gosta muito de ti), mas também para que não venhas a magoar-te. Na minha última carta esqueci-me de te dizer que a minha avó queria falar contigo, sabes como ela é: tem sempre que saber das coisas por todas as partes envolvidas. Tenta passar por lá quando o trabalho te der descanso. Quero pedir-te um favor: quando estiveres em Travanca vai junto da fonte e anda descalço nos seus limites. Era o que faziamos juntos, e quero saber se és capaz de o fazer sozinho. Quero que sintas o que eu não posso sentir. Quero que voltes depressa, três dias são suficientes para mudar uma vida, três dias é quanto basta para aceitarmos ou não o nosso destino. Três dias podem mudar tudo, até pode ser o suficiente para decidires trazer a Sofia contigo, por isso não te afastes por demasiado tempo, as noites são mais longas sem a luz do teu quarto acesa. |
Amor Selado
As cartas do nosso amor que por amizade selamos.
4 Comments:
Helenaaaa!!! lol.... eu ando a sofrer muito comesta história.. lol.. é o envolvimento e peço desculpa.. Mas é que aqui em Espanha nao ha novelas e eu sinto falta destes contos de amor aos episódios.. e esta é tao bonita que me deixo envolver.. lol.
mas ia eu a dizer...
Helenaaa!!! que raio, o Carlos?? assim, do nada??tu sabes que ainda nao é o momento..;o).. ja to a falar de mais.. mas pronto.. va.. Pedriito... conta la mais coisitas:o)
morri, ao ler isto tudo.. meu deus.. cada um está com saudades do outro.. que cambada de teimosos lolol ou orgulhosos.. ou sei lá, talvez de tudo um pouco :x
revelando-se uma grandiosa historia...abraço para os dois**
bem...essa do carlos foi um bocado de chofre...
e a da sofia de chofre foi...
Confesso que esta carta me comeu um bocado os miolos...
Mas continuais a escrever muito bem.
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