Amor Selado                          

As cartas do nosso amor que por amizade selamos.

quinta-feira, 9 de março de 2006

Querida Helena,
Antes de começar a escrever pus as Paredes a tocar para mim. Pois é, não gostas e eu sei-o, mas preciso de algo que me serene para que não te destrua a casa. Juro que vou tentar. A música é minha companheira há muitos anos mas na solidão a que me remeti tornou-se uma amizade presente e ela agora ouve-me também. Toca agora Sede e Morte. Tudo para me apontar as verdades que me veem atormentado. Temos sede. Sede dos sentimentos um do outro, da presença, do amor, do ódio do carinho. Não, não temos sede do amor. Foi para acabar com ele que o papel nos veio acompanhar.
Morte. Desceu sobre a nossa amizade de foice em riste e está pronta a levá-la se nos descuidamos. E temo-nos descuidado, falamos só de sentimentos e esquecemos que há toda uma vida para ser contada, todo um mundo para mostramos. Isto traz-me uma imagem, sinto-me como se estivessemos em postos oposto do globo, e no papel contassemos o céu de estrelas que cada um vê. Mas perdemo-nos nas arvores, geladas, de casca dura, secas e mirradas e que à minima chama ardem prontamente.Chega de àrvores, chega de metáforas. São da tua avó as metáforas não é? Das recordações mais antigas que tenho é a de tu me dizeres que as metáforas só a ela pertenciam quando ousei lançar-te uma. Há quantos anos? Já lhes perdi a conta.
Espero que o descanço te tenha feito bem e que tenhas aproveitado para fazer aquelas coisinhas que tanto gostas quando estás de férias. Ler um livro com o sol, num qualquer banco de jardim, percorrer a areia molhada deixando nas pegadas o sinal da tua existência. Descançaste?
Eu tenho-me cansado. Descobri que a melhor maneira de me abstrair da solidão é cansando-me. Faço mil esboços para cada projecto, passo horas fechado na sala do atelier. Já me valeu um sorriso do chefão, e parece aliviar a dor.
Tenho curiosidade em saber se já falaste com a tua avó. Pareces ter esquecido a minha conversa com ela, mas é algo que circula repetidamente na minha cabeça. Tenho estado com a Joana, ela disse-me que não quiseste estar com ela, que querias a semana para estar sozinha e descançar. Disse-me que inclusivé tinhas o telémovel desligado grande parte do dia. Esta última custou-me a acreditar e por pouco não quebrei a regra numero dois e não te liguei para me certificar que não me mentia a Joana. Mas fiquei contente, até orgulhoso. Acho que finalmente conseguiste superar um vicio ainda que pelas piores razões. Talvez consigas deixar de fumar também...
O cansaço já se apodera de mim, e peço desculpa pela manta de retalhos que se tornou esta carta. O senhor Paredes já toca demasiado rapido lembrando-me que o sono me faz falta.
Despeço-me como sempre com um beijo, desta vez na face. Temia faze-lo por sentir a proximidade com a tua boca, mas hoje permito-me a essa audácia porque sei que não tenho já forças para a alcançar.

3 Comments:

Blogger Liliana Bárcia said...

As coisas q ficam por tr´s do resto são sempre as mais importantes, pois é daí q tudo nasce.. A amizade vem sempre primeiro (qdo n vem, nd dá resultado) e há que preservar essa mesma amizade qdo é algo raro e importante para nós (ou, quem sabe, a amizade mais importante de todas!).. É pensar em atirar meses de papel, para q apenas a simbologia possa fazer-se notar; é escrever-se as palavras de um determinado escritor/cantor q um n gosta mas q é importante para o outro.. é perdoar e tentar esquecer..

e n sei q mais, prefiro nem pensar mais nisto. Porque cartas entre amigos é bom. Mas quando deixam de nos responder, parece q ja n se sabe o q se dizer e n se sabe porque. Pois n deveria ser assim..

10.3.06  
Blogger TatianaCarvalho said...

era mm isso k te ia dizer, que esta carta parece uma manta de retalhos. encadeaste umas coisas nas outras, algumas que n tinham nada a ver mas surpreendentemente safaste-te bem.
"Mas perdemo-nos nas arvores, geladas, de casca dura, secas e mirradas e que à minima chama ardem prontamente". se sao geladas e tem casca dura n ardem prontamente...esta frase esmigalhou-me o cerebro um cadito, confesso que n gostei muito. mas acho que basicamente foi so o k referi a cima que n gostei
de resto...

15.3.06  
Blogger TatianaCarvalho said...

Não sei se é de ver ocasionalmente a morangada (culpa tua Sr Engenheiro) que os meus neuronios começam a tirar umas ferias, olha ficam de baixa como a Helena, mas surgiu-me uma cena bem à TVI que eu espero que vcs n tejam a preparar se n distribuo porrada... ninguem descobriu que é primo ou irmao de ninguem, poi n?
espero k seja da morangada...

15.3.06  

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