Amor Selado                          

As cartas do nosso amor que por amizade selamos.

quinta-feira, 16 de março de 2006

Querido Pedro,
Quero começar por te pedir desculpa pela demora desta carta. Agora que voltei ao trabalho, o Dr. Cerqueira entregou-me um projecto importantíssimo e andei aterefada com ele nestes últimos dias.Pelo que me tens dito parece que também andas atolado em trabalho, por isso sei que compreenderás.
Estou bem, o regresso não me fez mal algum. Sabes o quanto adoro sentir-me útil. Sabes o quanto odeio passar o dia sem fazer nada de interessante.
As tuas comparações em relação à musica e a mim lembraram-me duma conversa que tivemos uma vez, precisamente no b-flat. Eu dizia-te que se a reencarnação existisse mesmo, noutra vida eu teria sido uma música, quando ouviste isto riste-te com vontade e tentaste convercer-me de que para um ser vivo reencarnar teria que ser num outro ser vivo. Expliquei-te então que a musica fazia parte de mim, da minha vida e que se havia algo capaz de me fazer sentir viva era a musica. Desde então penso que verdadeiramente aceitaste o facto de eu poder ter sido uma música numa outra vida.
Viste os meus olhos passear, mas não percebeste que eram a ti que eles realmente desejavam ver, apesar de saber que não é o mais correcto a fazer. Viste as minhas mãos, mas não percebeste que era em ti que elas queriam pousar. O desejo da minha boca era sentir o calor da tua.
Não precisas de saber quando voltarás a mim, até porque nem sabemos bem se alguma vez isso acontecerá. Mas eu juro que vou tentar permanecer em ti, como uma amiga com quem sempre podes contar. Nunca sentirei nojo de ti, nem um pouco, e duvido que a Joana alguma vez o sinta. Acho que te faria bem desabafar com alguém, é o que tenho feito com a minha irmã. Sabes como é (um pouco injusto, sem dúvida), os momentos maus são mais fáceis de suportar quando são partilhados com alguém.
Ontem ocorreu-me uma ideia perturbadora. Quando eu for velhinha, passar os dias inteiros à lareira, mesmo no Verão, e alguém me perguntar como foi a minha história com o grande amor da minha vida eu digo o quê? Digo o quão maravilhoso foi o início e conto como foi o fim? Será alguém capazde perceber? Será alguém capaz de suportar?
Ofereço-te os meus olhos, para que, todas as manhãs, quando te vires ao espelho, também eu te possa ver; e aperto-te a mão até te doer, até ficares com marcas nos dedos, para que me sintas durante muito tempo.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há alturas em que quero e não consigo escrever...quero dizer certas coisas e nao me saem palavras, tipo agora, que quero tentar exprimir como esta carta me tocou e cm eu axo k foi uma das melhores cartas que a Helena já escreveu, ou como adoro a ideia de encarnar numa musica, porque sim, as musicas tem alma, ou mesmo pk adorei a ideia dela velhinha a contar a (triste) história com o amor a vida dela...Brilhante Helena!!~~

Beijinhu
Gui=)

16.3.06  
Anonymous Anónimo said...

Esta excelente a carta, com pormenores deliciosos, especialmente a parte do facto da helena poder ter sido numa otra vida uma musica...lindo!lindo!lindo!
As perguntas sem resposta, k uma possivel helena velhinha x lembra...
A despedida está diferente do habitual e demonstra o kt a helena ainda goxta do pedro.
«o desejo da minha boca era sentir o calor da tua» palavras pa k?Tás lá...inantigivel as pexoas vulgares, max tax lá...*****

16.3.06  
Blogger Liliana Bárcia said...

eheheh adorei a ideia de q a Helena poderia ter sido uma música? Eu cá acho q todos nós fomos uma música, existem tantas... ihihih

agora a sério, esta desculpa de tanto um como o outro mergulharem no trabalho tem mm mto q se diga...

17.3.06  
Blogger TatianaCarvalho said...

Bem... esta carta está tão simples e ao mesmo tempo tão qualquer coisa que agora me falta a palavra, se é que ela existe, que realmente a tornou uma das minhas favoritas.
E não. ninguém alguma vez vai perceber o final de um amor como a da Helena e do Pedro... mas que deve ser uma linda história pa contar aos netos, não tenho dúvidas.

21.3.06  

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