Amor Selado                          

As cartas do nosso amor que por amizade selamos.

segunda-feira, 13 de março de 2006

Querida Helena,
Escrevo-te cansado. Fisica e psicologicamente. A correria da cabeça e o não descanço das pernas conferem-me um estado de completo cansaço. Desculpa-me desde já por todas as incoerencias e erros que por esta carta se espalhem.
Fiquei preocupado por tu não me responderes, mas ao ver a tua luz desligada todo o fim-de semana julguei-te longe. Não sabia tão grave a tua ausência, e confesso ter tido o impulso de saltar porta fora. Espero que estejas melhor. Espero que estejas bem. Espero que o regresso não te tenha feito mal.
A doce lembrança das noites de jazz veio contaminar o cansaço e a melancolia instalou-se e não a consigo escorrassar. É inevitável que a minha solidão e a saudade do jazz e de ti se misturem numa visão assustadora. Vejo teus olhos a passear, graves como o contrabaixo, certos e atentos. Graves e claros mantendo a melodia. As tuas mãos a tamborilarem como uma bateria, cheia de solos e improvisos, de magia e de electricidade. A tua boca, largando notas ao acaso, mas tão certas, tão harmoniosas com o resto da música. Tão estranhamente agudas que entram pelo peito adentro sem pedir licensa, tão imensamente graves que deixam o sabor de ti escoando por todo o corpo.Não sei quando voltarei ao b-flat. Não sei quando voltarei a ti. Há meses que não falo com o Rodrigo, há anos que não te vejo.
Estás certa(para não variar). Estou farto de sentimentos. Mas se não tos dou a ti a quem hei-de entristecer? A nossa amizade sempre esteve cheia dos sentimentos que contavamos um ao outro, antes de os sentimentos serem um pelo outro. Não consigo abrir-me à Joana, sinto que ela não me vai conseguir ver sem ter nojo. Sinto que vou ter nojo de ela me ver. Deixo-lhe palavras cortadas a meio, enigmas sentimentais que não têm uma resposta certa.
Tenta responder-me rápido desta vez para pelo menos me sossegares a tua doença. Não aguento pensar que possas estar desmaiada no quarto onde mantêns a luz acesa a esta hora.
Um doce cruzar dos meus dedos nos teus, e não te esqueças que ainda que presos na minha mão os podes usar.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pedro e Helena as minhas sinceras desculpas por esta ausencia mas eu estive fora com os meus papás (em andorra) e não tinha net. Hoje mal cheguei vim ler as cartas que sabia estarem em atraso. Como sempre gostei de tds as cartas que li para trás, preocupei-me pela Helena e entendi o desespero do Pedro. Fiquei a perceber que ees já se conhecem há tantos anos e percebi um bocadinho o porquê de salvar a amizade em sacrifício do amor...Voltando assiduamente, um beijinho

Gui

14.3.06  
Blogger TatianaCarvalho said...

cá vamos nós:
1 - "confesso ter tido o impulso de saltar porta fora" - SAIR porta fora.
2 - "Não sei quando voltarei a ti. Há meses que não falo com o Rodrigo, há anos que não te vejo." - AMEI
3- "Estou farto de sentimentos. Mas se não tos dou a ti a quem hei-de entristecer? " - isto arrancou-me um sorriso, n te sei dizer porque mas achei ke irias gostar de saber.
4 - "Não consigo abrir-me à Joana, sinto que ela não me vai conseguir ver sem ter nojo. Sinto que vou ter nojo de ela me ver." - a)perdi alguma coisa,b) a morangada ta mm a estupidificar-me ou c) é uma coisa pa revelar mais à frente?
5- "Tenta responder-me rápido desta vez para pelo menos me sossegares a tua doença" - ag vai falar a nurse k exite (ia) em mim - uma quebra de TA n é uma doença, é falta de comida! essa miuda precisa de comer!! dá-lhe os teus actimeles.
6 - Agora que estou a par da situação devo dizer que... sei lá... este blog é BOM.
7 - Para o caso de alguem me estar a insultar por utilizar este espaço para criticar tao meticulosamente devo dizer que isto é culpa do Sr Engenheiro. para lápis fico-me pelas Viagens...

15.3.06  
Blogger TatianaCarvalho said...

peço desculpa mas há mais uma pequena cena que me faz confusão.
8 - como é que sendo vizinhos, vá morando em predios continuos ou com uma rua de distancia e tal nunca se encontraram na rua?
digamos que isto dá-me um certo prurido intelectual, como diz um prof meu.

15.3.06  

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