Querida Helena,
Recebi com tristeza as noticias da tua reunião familiar. Não queria de todo que a tua avó se entristecesse com as novas, assim como não queria que ser eu a trazer-te mais uma daquelas noites que te sei odiar. Ainda me fragilizei mais por ter eu mesmo de enfrentar tudo isso este fim-de semana. Vou passar o carnaval a casa dos meus pais e decerto as perguntas vão ser mais do que as alegrias. A minha vontade de ir já era diminuta mas agora desejo mesmo ficar. Não posso contudo ser caprichoso ao ponto de deixar a minha mãe num ataque de choradeira ao telefone. Por isso não te admires se não te escrever até terça feira.
Espero apenas que estes dias sirvam para descançar porque o trabalho no atelier amontoa-se já até ao tecto. E a criatividade continua fugidia, só a apanho quando estou muito concentrado e isso não tem sido fácil. Lembro-me agora que não te disse que estive com a Joana. Ajudou-me muito. Sorriu-me e o sorriso dela trazia-me o teu. Não trouxe palavras de consolo, nem seria da Joana, mas conversar alegremente com alguém era coisa que já não fazia desde que fechei a porta do teu prédio.
Acho que já era altura de alguém concertar o elevador para que não passasse a vida fazer prisioneiros. Também podias pedir para mudar a música que lá toca. De manhã depois de te ler passei pela entrada do teu prédio para ter a certeza que já não estavas lá presa. O elevador estava no rés-do-chão para meu descanço. Também não saberia o que fazer se lá estivesses. Por isso te peço perdão. Confesso ter hesitado em ir salvar-te o que põe em causa a nossa amizade. Mas acabei por ir, sem medo. Não sei qual foi o sentimento que lá me levou mas também não te posso pedir que mo digas. Talvez seja mesmo melhor ficar na ignorância.
A ignorância talvez seja mesmo o melhor para nós. Ignorar as perguntas que nos fazemos a nós mesmos. Ignorar as respostas que à vezes queremos dar. Vou muito provavelmente estar com a Sofia no fim-de-semana. Não sei o que vai acontecer, não sei o que se vai repetir, mas quem me mandou seguir em frente foste tu. Não a desejo, sabe-lo bem, mas preciso de carinho, os meus dedos procuram uma face para acarinhar desde que te deixei. Por isso não posso prometer que não vai acontecer nada do teu desagrado.
Ainda devo ter tempo de te escrever uma carta antes de partir para Travanca. Conta-me de ti, conta-me do teu carnaval, conta-me das coisas na agência. Conta-me.
Recebi com tristeza as noticias da tua reunião familiar. Não queria de todo que a tua avó se entristecesse com as novas, assim como não queria que ser eu a trazer-te mais uma daquelas noites que te sei odiar. Ainda me fragilizei mais por ter eu mesmo de enfrentar tudo isso este fim-de semana. Vou passar o carnaval a casa dos meus pais e decerto as perguntas vão ser mais do que as alegrias. A minha vontade de ir já era diminuta mas agora desejo mesmo ficar. Não posso contudo ser caprichoso ao ponto de deixar a minha mãe num ataque de choradeira ao telefone. Por isso não te admires se não te escrever até terça feira.
Espero apenas que estes dias sirvam para descançar porque o trabalho no atelier amontoa-se já até ao tecto. E a criatividade continua fugidia, só a apanho quando estou muito concentrado e isso não tem sido fácil. Lembro-me agora que não te disse que estive com a Joana. Ajudou-me muito. Sorriu-me e o sorriso dela trazia-me o teu. Não trouxe palavras de consolo, nem seria da Joana, mas conversar alegremente com alguém era coisa que já não fazia desde que fechei a porta do teu prédio.
Acho que já era altura de alguém concertar o elevador para que não passasse a vida fazer prisioneiros. Também podias pedir para mudar a música que lá toca. De manhã depois de te ler passei pela entrada do teu prédio para ter a certeza que já não estavas lá presa. O elevador estava no rés-do-chão para meu descanço. Também não saberia o que fazer se lá estivesses. Por isso te peço perdão. Confesso ter hesitado em ir salvar-te o que põe em causa a nossa amizade. Mas acabei por ir, sem medo. Não sei qual foi o sentimento que lá me levou mas também não te posso pedir que mo digas. Talvez seja mesmo melhor ficar na ignorância.
A ignorância talvez seja mesmo o melhor para nós. Ignorar as perguntas que nos fazemos a nós mesmos. Ignorar as respostas que à vezes queremos dar. Vou muito provavelmente estar com a Sofia no fim-de-semana. Não sei o que vai acontecer, não sei o que se vai repetir, mas quem me mandou seguir em frente foste tu. Não a desejo, sabe-lo bem, mas preciso de carinho, os meus dedos procuram uma face para acarinhar desde que te deixei. Por isso não posso prometer que não vai acontecer nada do teu desagrado.
Ainda devo ter tempo de te escrever uma carta antes de partir para Travanca. Conta-me de ti, conta-me do teu carnaval, conta-me das coisas na agência. Conta-me.
3 Comments:
A Sofia...la vem ela estragar ps meus planos...eu k contava cada vex mais com a nova junçao do Pedro e da Helena...eu sei k nao e a essencia destas cartas mas eu sou uma eterna romantica...o final pefeito para mim é o mitico "casaram, tiveram filhos e viveram felizes para sempre..." mas estou a gostar muito mesmo...continuem o belo trabalho
Depois de se envolver aqui na história é impossivel não esperar a cada momento que haja ma desistencia desta terrivel e fulminante desistencia de um amor tao forte....
Pedro... que desilusao... que raio... desapontada.. sim estou desapontada...Este tipo de erros é terrivel, sei do que falo...
.. va, mas vou continua que me falta uma carta...:o)
***
"De manhã depois de te ler passei... " MUITO BOM!
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