Querida Helena,
Ao contrário de ti não sei como estás. Com estas últimas revoluções as tuas cartas acabam por não de dizer nada sobre ti sem implicar um esforço de análise mais pormenorizada às tuas palavras. Como estás tu? Não, não te irrites já, não estou a tentar deitar para trás das costas o que se passou. Estou só preocupado contigo.
Não posso esquecer que perdeste o teu orgulho em mim. Confesso quando o li me enchi de lágrimas, mas agora escrevo de cabeça erguida porque sei que não é a chorar que vou ganhar o teu orgulho de novo. Eu já me perdoei, fui irresponsável. Perdoei-me mas não me esqueci. E não me esquecerei sempre que sair desta casa, e sempre que tocar num copo, porque para me perdoar tive que me prometer que nunca iria sequer andar á beira do poço mesmo sabendo o seu sítio exacto agora.
Enquanto te escrevo, o Sr. Armando Freire vai Meditando na Guitarra Portuguesa, e eu vou acompanhando na minha mente.A meditação, não é a guitarra. Sorrio. Penso em nós, em tudo antes daquela noite, na pureza dos sorrisos, nos etéreos olhares. Penso na noite, penso no efémero beijo, na triste felicidade. Penso no separar, na distância, penso em ti aí em cima de luz acesa. Penso em tudo isto sem pensar em mim, sem pensar em ti. Como se fosse um filme daqueles que tanto nos riamos pelo argumento tão real como os corações arredondados. E rio-me realmente, rio-me por saber impossível e ridiculo o "e viveram felizes para sempre". Medito. A meu lado um anjo e um diabo, o amor e a amizade sem que perceba quem é quem. Largamos o amor por temer os efeitos na amizade, largamos os dois, decidimos os dois. E eu não me arrependo. Já não se guardam as amizades no coração, e nos deitamos fora o amor para guardar o que era mais importante para nós. Mas agora uma verdade, ainda que subjectiva, me atravessa o pensar. Não teremos nos condenado a amizade por a querer guardar numa campânula de vidro e esquecido que ela tem que respirar? Ao resguardarmos do mundo o que para nós era insubstituível, não teremos criado um monstro?
Deixo-te com a minha meditação, não para que te inquietes nem para que me lances de novo as tuas razões. Já as sei, e por as saber e por as ter também como minhas, é que te convido a entrares nas minhas deambulações. Não quero que me digas onde chegaste e o que queres para nós. Já o sei. Quero que tu atravesses o rio e sejas capaz de voltar para trás olhando-o daquele lado.
Peço desculpa pela carta cheia de metáforas e metamorfoses, mas sei o gosto que tens por elas e como vês muito melhor com elas. Boa sorte para a reunião e tenta fazer com que o teu pai não te saia nos ombros barafustando contra a tua avó. Um beijo a ela, e tenta com que ela não saiba de nós. Não vale a pena trazer-lhe mais preocupações para as suas insónias. Beijo-te a testa da cabeça dorida e passo-te a mão na face sorridente.
Ao contrário de ti não sei como estás. Com estas últimas revoluções as tuas cartas acabam por não de dizer nada sobre ti sem implicar um esforço de análise mais pormenorizada às tuas palavras. Como estás tu? Não, não te irrites já, não estou a tentar deitar para trás das costas o que se passou. Estou só preocupado contigo.
Não posso esquecer que perdeste o teu orgulho em mim. Confesso quando o li me enchi de lágrimas, mas agora escrevo de cabeça erguida porque sei que não é a chorar que vou ganhar o teu orgulho de novo. Eu já me perdoei, fui irresponsável. Perdoei-me mas não me esqueci. E não me esquecerei sempre que sair desta casa, e sempre que tocar num copo, porque para me perdoar tive que me prometer que nunca iria sequer andar á beira do poço mesmo sabendo o seu sítio exacto agora.
Enquanto te escrevo, o Sr. Armando Freire vai Meditando na Guitarra Portuguesa, e eu vou acompanhando na minha mente.A meditação, não é a guitarra. Sorrio. Penso em nós, em tudo antes daquela noite, na pureza dos sorrisos, nos etéreos olhares. Penso na noite, penso no efémero beijo, na triste felicidade. Penso no separar, na distância, penso em ti aí em cima de luz acesa. Penso em tudo isto sem pensar em mim, sem pensar em ti. Como se fosse um filme daqueles que tanto nos riamos pelo argumento tão real como os corações arredondados. E rio-me realmente, rio-me por saber impossível e ridiculo o "e viveram felizes para sempre". Medito. A meu lado um anjo e um diabo, o amor e a amizade sem que perceba quem é quem. Largamos o amor por temer os efeitos na amizade, largamos os dois, decidimos os dois. E eu não me arrependo. Já não se guardam as amizades no coração, e nos deitamos fora o amor para guardar o que era mais importante para nós. Mas agora uma verdade, ainda que subjectiva, me atravessa o pensar. Não teremos nos condenado a amizade por a querer guardar numa campânula de vidro e esquecido que ela tem que respirar? Ao resguardarmos do mundo o que para nós era insubstituível, não teremos criado um monstro?
Deixo-te com a minha meditação, não para que te inquietes nem para que me lances de novo as tuas razões. Já as sei, e por as saber e por as ter também como minhas, é que te convido a entrares nas minhas deambulações. Não quero que me digas onde chegaste e o que queres para nós. Já o sei. Quero que tu atravesses o rio e sejas capaz de voltar para trás olhando-o daquele lado.
Peço desculpa pela carta cheia de metáforas e metamorfoses, mas sei o gosto que tens por elas e como vês muito melhor com elas. Boa sorte para a reunião e tenta fazer com que o teu pai não te saia nos ombros barafustando contra a tua avó. Um beijo a ela, e tenta com que ela não saiba de nós. Não vale a pena trazer-lhe mais preocupações para as suas insónias. Beijo-te a testa da cabeça dorida e passo-te a mão na face sorridente.
4 Comments:
Grnde resposta a do Pedro..ui..q isto esta a ficar interessante!! :P*
bom, começamos a ver idéias soltas disto que corre aqui:o) é bom ver andar os sentimentos neste chão tão sério... Sabem bem a escolha que fizeram, não sabem se é possivel logra-lo...Espero que reviremos pontos de vista, vejamos de mais angulos...:o)
giro mm:o)
zana***
eu era pra comentar só o ultimo visto q n tenho tido tempo para vir aqui, mas.. "não se guardam as amizades no coração, e nos deitamos fora o amor para guardar o que era mais importante para nós." é uma variante da minha frase quotidiana: há coisas na vida que são muito mais importantes.
tu e as lágrimas....
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