Amor Selado                          

As cartas do nosso amor que por amizade selamos.

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Querida Helena,
Estou especado à frente do ecrã há uma hora e ainda não consegui escolher uma música para me acompanhar na escrita. Agora roda a Candombito do nosso amigo, mas não sei se a vou aguentar até ao fim. A monotonia da guitarra e da pandeireta, trazem-me a nostalgia de tardes de fim-de-semana a sorrir contigo. Agora já não te sei a sorrir.
Fui ao jantar da Joana mais para que ninguém suspeitasse do que por vontade de me sentar entre eles. Será que o teu afastamento me afasta deles também? Só o Mário me perguntou por ti à entrada antes de levar um beliscão da Joana. Não sei se já tinhas falado com ela ou se ela percebeu o que para mim parece tão claro. O jantar correu bem, correu-me com o meu pause ligado, e só no fim quando a Joana me abraçou com força me lembrei da tua ausência. Não que tu tivesses perdido a importância, o jantar é que a perdeu, e eu perdi-me no meu de conversas e piadas que encontravam a tua parede. Sim, não falamos de ti, mas acredito que a culpa seja minha e que eles evitaram o assunto por minha causa.
Os dias tem passado cinzentos e à noite quando acordo e olho pela janela já nem sei se o cinzento pertence ao dia ou à noite. No atelier as coisas também não andam muito coloridas. A minha criatividade parece ter ficado no bolso do casaco que me deu o teu pai. Não o preciso, podes fazer o que quiseres. Digo o sem rancor e com o imenso apreço que tenho pelo teu pai. Mas não vejo forma de mo devolveres e o valor que tem para mim não se perderá.
Quando li a tua carta fiquei magoado, se calhar até se perdeu por momentos aquilo que tanto tentamos preservar. Por isso só respondo agora. Prometo da próxima não acordar para a mensagem dos teus silêncios tão tarde. As palavras sem som ecoaram-me primeiro no coração e só depois na cabeça e por isso guardei sentimentos que me impediam de te responder.
Quando contares à tua irmã avisa-me porque gostava de falar com ela. Não quero que me guarde nenhum sentimento negativo porque ela significa muito para mim.
Da última carta que te escrevi poucas foram as respostas que obtive por isso desta vez não te pergunto nada. Espero contudo que esteja tudo bem. Gostei da resposta da luz acesa, às vezes esqueces-te que sei tudo sobre ti, incluindo o teu disprazer por a luz acesa em ocasiões solenes. É tão ridiculo falar sobre estas coisas em carta que recorro a estas expressões que acabam por soar cómicas.
Acabo esta carta a ouvir Bernardo Sassetti, Renascer diz-me ele, e é o que espero fazer. Ser sem ti implica renascer no amor e em muitas outras coisas que me habituei a fazer contigo. Já me mentalizei que tenho de sair.Combinei com o Joel, lembras-te dele? Mas ainda não renasci, as cinzas ainda cobrem o meu corpo. Sei que por muito que custe o fogo voltará a consumir-me como na fénix de que eu tanto gosto.
Espero pacientemente por ti num envelope da minha caixa de correio. Um abraço, e um beijo na testa já que a boca está ocupada em palavras sem som.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ALELUIA!!!!!!!!!!!tava a ver k nao...inda n li mas fikei aliviada pork tive o fds td a ver se o pedro ja tinha rsp...lolol

Gui=)

12.2.06  
Anonymous Anónimo said...

Hello!! Helena...tipo ja respondias...please...va ka nao te faças de dificil sabes bem qu queres responder, tas aí roidinha...hum...ve se nao demoras muito ok?
Beijinhu

12.2.06  
Blogger Liliana Bárcia said...

ia caindo pro lado com "um beijo na testa já que a boca está ocupada em palavras sem som" porque as vezes é isso mesmo q eu sinto e n consigo explicar a razão. mas acho q agr entendi um bocadinho a razão q me leva a pensar assim..

14.2.06  
Blogger TatianaCarvalho said...

Duas notinhas:
1 - "o valor que tem para mim não se perderá." Ora bem é um casaco. Logo e portanto é ligeiramente óbvio que vai perder um kito do seu valor já que não o vais usar. É para isso que servem os casacos. O que tu queres é kela o tenha lá no quarto para ver se não se esquece do teu aroma...não me venhas cá com valores.
2 - A fénix primeiro entra em combustão e só depois é k fica em cinzas e é destas que renasce, não é ao contrário.

Posto isto, basicamente, quando não se tem nada a apontar escrevem-se palermices. Foi o que eu fiz.
Sim, isto quer dizer que eu gostei tanto desta carta como da outra. Concordo com a Liliana que diz que o "um beijo na testa já que a boca está ocupada em palavras sem som." é material muito bom.

14.3.06  

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