Querida Helena,
Tento lembrar-me dos conselhos básicos para escrever uma carta que a professora de Português tão enfaticamente me ensinou. Mas esta carta não entra em nenhuma das categorias que aprendi. Esta carta começa com a despedida quando todas as outras com ela acabam. Tenho que me desempecilhar assim. Não é o que tu dizes? As coisas são o que são. Esta carta despede-me da tua presença. Escrevo-a aqui porque ia fazer o papel sofrer em amassos e lágrimas.
Todas as noites projectado no meu tecto vejo aquele último abraço, tão salgado e tão determinado. Pensava que estas coisas só os realizadores viam, e viam porque lhes dava jeito para chamar a atenção de pormenores antigos ao espectador. Eu preciso de tudo menos de chamar a atenção para aquele abraço. Será que é para ti que o relembro? Lembras-te de mim quando te deitas? Lembras-te de mim quando ouves o meu nome? O teu já não o consigo ouvir, fujo dele e finjo não o ver quando por acidente me cruza os olhos.
Como passaste esta semana? Como sou infantil às vezes. Vais-te rir quando leres isto, ao escrever esta última pergunta esperei que respondesses. Como se falássemos num qualquer programa como eu tantas vezes fazia na adolescencia. A semana a mim pesou-me tanto nos ombros que me vi mal para a arrastar. Espero que a tua tenha corrido melhor. A tua luz ligada até tão tarde atormentou-me o coração. Muito trabalho para fazer?
O trabalho surge-me agora como um mero espectador. Trago a alma tão flagelada que já não faz efeito o ardor do trabalho. Não queria escrever isto, não queria dizer como me doi ver-me apartado de ti, como a luz do teu apartamento me cega, como qualquer vulto me desfaz o coração na praceta que une os nossos prédios. Eu sei , eu sei. Temos que ser fortes, mas como Helena? Não me vejo eu agora sem a tua amizade também? Prometemos ser o ultimo aquele abraço para que o amor não nos destruisse a amizade, e agora acabamos sem ela. Desculpa-me as palavras tão duras. Tenho as mãos secas de as trazer ao vento. E este frio? Aposto que já calçaste as meias pirosas para dormir que te dei no Natal. Afinal sempre dão jeito! Vi a Joana na segunda. No café de sempre a comer o de sempre. Diz que quer fazer uma jantarada com o pessoal em casa do Mário. Perguntou-me por ti. Chamei o empregado e pedi-lhe um café. Os olhos vidrados impediram-na de repetir a pergunta. A minha mãe perguntou se ainda não te tinhas constipado. Espero que não.
Como a carta começou cou umz despedida agora não sei o que pôr no fim. Talvez um olá. Olá e até manhã. Gosto muito de ti. Dá beijinhos à tua irmã quando falares com ela. Diz-lhe que te perguntei se Guilherme já fala. Fecho os olhos e digo baixinho o que te disse à tua partida. "Amo-te"
Tento lembrar-me dos conselhos básicos para escrever uma carta que a professora de Português tão enfaticamente me ensinou. Mas esta carta não entra em nenhuma das categorias que aprendi. Esta carta começa com a despedida quando todas as outras com ela acabam. Tenho que me desempecilhar assim. Não é o que tu dizes? As coisas são o que são. Esta carta despede-me da tua presença. Escrevo-a aqui porque ia fazer o papel sofrer em amassos e lágrimas.
Todas as noites projectado no meu tecto vejo aquele último abraço, tão salgado e tão determinado. Pensava que estas coisas só os realizadores viam, e viam porque lhes dava jeito para chamar a atenção de pormenores antigos ao espectador. Eu preciso de tudo menos de chamar a atenção para aquele abraço. Será que é para ti que o relembro? Lembras-te de mim quando te deitas? Lembras-te de mim quando ouves o meu nome? O teu já não o consigo ouvir, fujo dele e finjo não o ver quando por acidente me cruza os olhos.
Como passaste esta semana? Como sou infantil às vezes. Vais-te rir quando leres isto, ao escrever esta última pergunta esperei que respondesses. Como se falássemos num qualquer programa como eu tantas vezes fazia na adolescencia. A semana a mim pesou-me tanto nos ombros que me vi mal para a arrastar. Espero que a tua tenha corrido melhor. A tua luz ligada até tão tarde atormentou-me o coração. Muito trabalho para fazer?
O trabalho surge-me agora como um mero espectador. Trago a alma tão flagelada que já não faz efeito o ardor do trabalho. Não queria escrever isto, não queria dizer como me doi ver-me apartado de ti, como a luz do teu apartamento me cega, como qualquer vulto me desfaz o coração na praceta que une os nossos prédios. Eu sei , eu sei. Temos que ser fortes, mas como Helena? Não me vejo eu agora sem a tua amizade também? Prometemos ser o ultimo aquele abraço para que o amor não nos destruisse a amizade, e agora acabamos sem ela. Desculpa-me as palavras tão duras. Tenho as mãos secas de as trazer ao vento. E este frio? Aposto que já calçaste as meias pirosas para dormir que te dei no Natal. Afinal sempre dão jeito! Vi a Joana na segunda. No café de sempre a comer o de sempre. Diz que quer fazer uma jantarada com o pessoal em casa do Mário. Perguntou-me por ti. Chamei o empregado e pedi-lhe um café. Os olhos vidrados impediram-na de repetir a pergunta. A minha mãe perguntou se ainda não te tinhas constipado. Espero que não.
Como a carta começou cou umz despedida agora não sei o que pôr no fim. Talvez um olá. Olá e até manhã. Gosto muito de ti. Dá beijinhos à tua irmã quando falares com ela. Diz-lhe que te perguntei se Guilherme já fala. Fecho os olhos e digo baixinho o que te disse à tua partida. "Amo-te"
4 Comments:
Apesar d n t conhecer, começo a compreender pk k é k t xamam d mestre. A carta apesar d contrariar as regras está extraodinariamente bem escrita, com pormenores deliciosos e «imagens» extremamente bem construídas através da tua capacidade de descriçao ao longo da carta.
Um sincero abraço deste leitor k fika ansiosamente à espera das próximas cartas.
Ja sabes bem o q eu acho desta carta..por isso acho q é melhor nao dizer em publico! ;) LoL..
Está bem construida, Goto das "imagens" q transmite..E tem la uma Joana plo meioooo!!! Sou euuuu..LoL..
Muito Bem***
gosto de cartas, especialmente aquelas que não terminam com um "adeus"..
Bem... hj escrevo aki para variar, do lápis para o teclado. Estou pouco mais de um mês atrasada mas fielmente comecei plo início.
Não posso fazer grandes comentários, Sr Engenheiro, quando na realidade me deixa sem palavras. O smile deste texto, que viria aki de lado, é um com covinhas no rosto e um largo sorriso, como quem diz que acabou de ler algo brilhante.
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